Acordar com o canto do rouxinol na árvore em frente.
Ouvir o relógio muito longe e murmurar «ainda não, ainda não».
Sonhar no quente da cama com o mar de Agosto, a chuva de Setembro, o sol de Janeiro, e tudo ter um sabor a chocolate e morango na minha boca.
Pensar em palavras felizes como «alegria», «claridade», «jardim», «bicicleta», «praia».
E rir com palavras como «chupa-chupa», «pantufa», «balandrau», «toutiço», «alforreca».
Espantar-me, de repente, com a voz sobressaltada da mãe, «já tão tarde, já tão tarde!», e logo o riso do pai a sossegá-la, e ela a virar-se para o outro lado, e a adormecer como todas as coisas da casa.
Folhear lentamente um livro, e saborear uma história, e largá-lo depois, e imaginar-me no meio de príncipes de vozes mansas e olhos azuis.
Fechar os olhos e recordar, sem saber porquê, os olhos do Filipe, à minha espera no pátio da escola.
"Livro com Cheiro a Morango" - Alice Vieira (Texto Editores)Ouvir o relógio muito longe e murmurar «ainda não, ainda não».
Sonhar no quente da cama com o mar de Agosto, a chuva de Setembro, o sol de Janeiro, e tudo ter um sabor a chocolate e morango na minha boca.
Pensar em palavras felizes como «alegria», «claridade», «jardim», «bicicleta», «praia».
E rir com palavras como «chupa-chupa», «pantufa», «balandrau», «toutiço», «alforreca».
Espantar-me, de repente, com a voz sobressaltada da mãe, «já tão tarde, já tão tarde!», e logo o riso do pai a sossegá-la, e ela a virar-se para o outro lado, e a adormecer como todas as coisas da casa.
Folhear lentamente um livro, e saborear uma história, e largá-lo depois, e imaginar-me no meio de príncipes de vozes mansas e olhos azuis.
Fechar os olhos e recordar, sem saber porquê, os olhos do Filipe, à minha espera no pátio da escola.
*Obrigado Alice Vieira pelos 30 anos de carreira literária! Dezembro 1979-2009 ("Rosa, minha irmã Rosa", 1º livro publicado)
Sem comentários:
Enviar um comentário