22 janeiro, 2007

Memória de Miguel Torga
No centenário do seu nascimento
Nos doze anos da sua morte




“Vou falar-lhes de um Reino Maravilhoso”…
O “reino” onde nasceu, S. Martinho de Anta, Concelho de Sobrosa, a 12 de Agosto de 1907, inspirou-o no seu tom de escrita onde predominam a “Linguagem” das terras transmontanas, a poesia de um mundo rural e as forças telúricas das paisagens e das figuras.
Seu nome de baptismo, Adolfo Correia da Rocha, exerceu medicina na cidade de Coimbra onde faleceu há doze anos no dia 17 de Janeiro de 1995, indo a sepultar na sua terra natal em Trás-os-Montes.
A sua obra literária atravessou diferentes géneros. Foi poeta, contista, romancista e dramaturgo.
Autor de mais de 50 obras, estreou-se na Literatura em 1928 aos 21 anos com o livro de poesia “Ansiedade” deixando de escrever em 1993.
Poeta Universal, Miguel Torga expressou o seu dramatismo, a sua maneira de estar no mundo com os olhos e os sentimentos de português.

Coimbra, 13 de Outubro de 1968 – Oito horas de sonambulismo nos campos do Mondego, cobertos de quietude e de toalhas de água, onde a alma se embebeda de silêncio e os choupos se narcisam.
Esta paisagem coimbrã tem o diabo dentro dela. No Alentejo, caminho; em Trás-os-Montes, trepo; aqui, levito.
Diário XI

Na sua obra poética destacam-se alguns dos seguintes títulos: “Rampa”; “Tributo”; “Abismo”; “Cântico do Homem”; “Poemas Ibéricos” …
Na prosa: “Contos da Montanha”; “Pedras Lavradas”; “Vindima”; “Um Reino Maravilhoso”; “A Criação do Mundo”; “Os Bichos”;
livros em Poesia e Prosa como é o caso dos seus Diários (Publicou até ao “Diário XIV” em 1990).
Também passou pelo Teatro onde escreveu, “Terra Firme”; “O Paraíso”; “Sinfonia”; “Mar”…

Biografia
Sonho, mas não parece.
Nem quero que pareça.
É por dentro que eu gosto que aconteça
A minha vida.
Íntima, funda, como um sentimento
De que se tem pudor.
Vulcão de exterior
Tão apagado,
Que um pastor
Possa sobre ele apascentar o gado.
Mas os versos, depois,
Frutos do sonho e dessa mesma vida
É quase á queima-roupa que os atiro
Contra a serenidade de quem passa.
Então, já não sou eu que testemunho
A graça
Da poesia: É ela, prisioneira,
Que, vendo a porta da prisão aberta,
Como chispa que salta da fogueira
Numa agressiva fúria se liberta.

Auto- Retrato do homem e poeta

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