"Uma Cana de Pesca para o Meu Avô"
de Gao Xingjian
de Gao Xingjian
Edições na Biblioteca:
Colecção Mil Folhas - Jornal Público
Editora Dom Quixote
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Sussurro letras e vírgulas e escuto palavras com pontos finais.
Vejo um templo milenar numa China do presente e dois apaixonados entregues à vida de recém-casados. Recordo a nostalgia de um homem, de uma criança e de um saco de melões.
Ouço o barulho do trânsito na cidade, a buzina aflita do autocarro, o chiar angustiante dos travões e a criança a ser projectada da bicicleta. O pai num charco de sangue e o acidente a empurrar a multidão para o meio da via.
Sinto a dor que o nadador sentiu ao ir nadar, fim de tarde no mar deserto. O aperto da cãibra no abdómen e a solidão das ondas num embalo de morte. A picada da medusa e a promessa de não voltar a matá-las.
Cheiro as árvores do parque e o encontro dos dois. A rapariga que tinha tido duas tranças e ele quando rapaz a dar nas vistas com uma “jardineira”. Lembrança. Montanha e floresta e uma filha a usar sapatos de cidade. E a felicidade?...
Provo o gosto do tabaco, esfregado nas mãos de seu avô e as migalhas enroladas em cigarros de papel. A cana de pesca comprada para ofertar à saudade da infância e o percorrer de outro tempo numa cidade que já não é a mesma. Pescador, um cão, um lago e o “Templo do Senhor Guan”.
Leio com a razão, a vertigem de imagens aleatórias: um canapé, a porta de ferro, o salão, o amor, a maré, o metropolitano, a água a subir, o computador, o palhaço, o mahjong, a água, um homem a puxar a corda, a montra, outro homem a puxar a corda… Cavalo, mulher, a corda….e o mar! Quieto. E mais e mais numa narração alucinante.
Vejo no ouvir e sinto no olfacto, o paladar dos seis contos lidos com o íntimo em “Uma Cana de Pesca para o meu Avô”.
Sussurro períodos e parágrafos em páginas de beleza, escritas de uma forma moderna e descrevendo coisas simples do quotidiano.
Noémia Maria
(Coordenadora da Biblioteca Escolar Vilarinho do Bairro)Vejo um templo milenar numa China do presente e dois apaixonados entregues à vida de recém-casados. Recordo a nostalgia de um homem, de uma criança e de um saco de melões.
Ouço o barulho do trânsito na cidade, a buzina aflita do autocarro, o chiar angustiante dos travões e a criança a ser projectada da bicicleta. O pai num charco de sangue e o acidente a empurrar a multidão para o meio da via.
Sinto a dor que o nadador sentiu ao ir nadar, fim de tarde no mar deserto. O aperto da cãibra no abdómen e a solidão das ondas num embalo de morte. A picada da medusa e a promessa de não voltar a matá-las.
Cheiro as árvores do parque e o encontro dos dois. A rapariga que tinha tido duas tranças e ele quando rapaz a dar nas vistas com uma “jardineira”. Lembrança. Montanha e floresta e uma filha a usar sapatos de cidade. E a felicidade?...
Provo o gosto do tabaco, esfregado nas mãos de seu avô e as migalhas enroladas em cigarros de papel. A cana de pesca comprada para ofertar à saudade da infância e o percorrer de outro tempo numa cidade que já não é a mesma. Pescador, um cão, um lago e o “Templo do Senhor Guan”.
Leio com a razão, a vertigem de imagens aleatórias: um canapé, a porta de ferro, o salão, o amor, a maré, o metropolitano, a água a subir, o computador, o palhaço, o mahjong, a água, um homem a puxar a corda, a montra, outro homem a puxar a corda… Cavalo, mulher, a corda….e o mar! Quieto. E mais e mais numa narração alucinante.
Vejo no ouvir e sinto no olfacto, o paladar dos seis contos lidos com o íntimo em “Uma Cana de Pesca para o meu Avô”.
Sussurro períodos e parágrafos em páginas de beleza, escritas de uma forma moderna e descrevendo coisas simples do quotidiano.
Noémia Maria
Gao Xingjian
"Romancista, pintor, dramatugo, crítico e poeta - natural da China, mas a viver em França, a quem foi atribuído, no ano 2000, o prémio Nobel da Literatura". Leitura.Gulbenkian
Gao Xingjian Colecction
Entrevista: Ambafrance.org.br
Prémio Nobel Literatura em 2000
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