“Lemos o que as pessoas de quem gostamos
nos indicam e, enquanto lemos, buscamos
a pessoa no livro que ela indicou”.
Pennac, Daniel, Como um Romance, Ed. ASA, 1992, p. 155.
Daniel Pennac, Fotonummer 376/30 - © Michael Oreal
A propósito da vinda de Daniel Pennac* a Beja, no passado dia 21 de Setembro, para a iniciativa "Palavras Andarilhas", apresentamos algumas das ideias chaves deste autor, aproveitando para nos juntarmos à reflexão que é devida à promoção do gosto pela leitura.
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Direitos alienáveis do leitor
1.O direito de não ler.
2.O direito de saltar páginas.
3.O direito de não acabar um livro.
4.O direito de reler.
5.O direito de ler não importa o quê.
6.O direito de amar os “heróis” dos romances.
7.O direito de ler não importa onde.
8.O direito de saltar de livro em livro.
9.O direito de ler em voz alta.
10.O direito de não falar do que se leu.
1.O direito de não ler.
2.O direito de saltar páginas.
3.O direito de não acabar um livro.
4.O direito de reler.
5.O direito de ler não importa o quê.
6.O direito de amar os “heróis” dos romances.
7.O direito de ler não importa onde.
8.O direito de saltar de livro em livro.
9.O direito de ler em voz alta.
10.O direito de não falar do que se leu.
Como um Romance, Ed. ASA, 1992, p. 155.
Entrevista a Daniel Pennac
Label France – Abril de 2000 – nº39
...
"- Quais são, a seu ver, os dez melhores livros do século XX?
- Em Busca do Tempo Perdido, de Proust. Este é "O Livro", assim como Ulisses, do irlandês James Joyce. Há também, é verdade, Le Voyage au Bout de la Nuit (Viagem ao fim da noite), de Céline, que representa a intrusão de uma prática da língua absolutamente assombrosa. Assim, tanto Proust me dá vontade de escrever, tanto Céline me bloqueia a pena a caminho do tinteiro. Sua maneira de escrever me entusiasma, mas me deixa petrificado.
Label France – Abril de 2000 – nº39
...
"- Quais são, a seu ver, os dez melhores livros do século XX?
- Em Busca do Tempo Perdido, de Proust. Este é "O Livro", assim como Ulisses, do irlandês James Joyce. Há também, é verdade, Le Voyage au Bout de la Nuit (Viagem ao fim da noite), de Céline, que representa a intrusão de uma prática da língua absolutamente assombrosa. Assim, tanto Proust me dá vontade de escrever, tanto Céline me bloqueia a pena a caminho do tinteiro. Sua maneira de escrever me entusiasma, mas me deixa petrificado.
Eu poderia citar também A Confederacy of dunces (A Conjuração dos Imbecis), que teve um destino bastante comovente; escrito por um jovem americano nos anos 60, John Kennedy Toole, que tentou imaginar um Dom Quichote da era da psicanálise, ou seja um esquizofrênico delirante e engraçado, conjurando os que o cercam a ter o senso da realidade. Esse romance era tão louco que J.-K.Toole tentou publicá-lo durante dez anos e acabou suicidando-se por não conseguir fazê-lo. Sua mãe retomou a luta durante cerca de vinte anos e finalmente teve êxito nos anos 80. O livro ganhou o prêmio Pulitzer – oferecido pelos mesmos (ou seus primos) que haviam levado o autor ao suicídio.
Outro romance formidável do século XX, que classifico numa posição bem elevada, é O Mestre e Margarida, do russo Bulgakov, ou Vida e Destino, de Vassili Grossman, um romance perturbador sobre a batalha de Stalingrado e a profunda perversidade do stalinismo, que valeu a seu autor a exclusão do Partido Comunista, da União dos Escritores e a deportação. Há ainda Cem Anos de Solidão, do colombiano Gabriel Garcia Marquez, porém talvez mais ainda O Amor nos Tempos do Cólera.
Existem também dois "Joyces" italianos, Carlo Emilio Gadda, com o Quer Pasticciaccio Brutto de Via Merulana, romance "polívoco" (N.T.: de sentido múltiplo) e "polidialetal" (N.T.: de múltiplos dialetos), e Italo Svevo, A Consciência de Zeno. São romances prodigiosos. Devo citar também Italo Calvino, sobretudo o dos livros aparentemente mais simples, que são na realidade bastante complexos: Il Cavaliere Inesistante, Il Visconte Dimezzato, Il Baronne Rampante. O americano de origem russa Nabokov também, de quem eu escolheria Lolita e um romance menos conhecido que é Despair. O polonês Gombrowicz, de quem é preciso ler Ferdydurke, que é um romance alegórico sobre o preconceito da maturidade e da imaturidade.
*Daniel Pennac: Professor, Ensaísta e Romancista francês, nascido em Casablanca (Marrocos) no ano de 1944, Daniel Pennac tem-se vindo a afirmar como um dos mais destacados escritores franceses vivos. Professor de francês, tem na leitura a sua grande paixão e é à sua promoção que dedica grande parte do seu esforço intelectual.
Sobre este assunto consultar ainda:
"A Paixão de Ler" - Blogue "Página de Vida"
"Guardiões e passadores" - Abril em Maio
"Importância da biblioteca para a promoção de hábitos de leitura" - Blogue "Página de Vida"
"Guardiões e passadores" - Abril em Maio
"Importância da biblioteca para a promoção de hábitos de leitura" - Blogue "Página de Vida"
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